terça-feira, 21 de setembro de 2010

Meio ambiente, turismo e destruição do Planeta

por Rafael Fernandes*

Nos dias atuais é muito comum e ao nossos ouvidos até soa familiar a mídia  discorrer sobre o aquecimento global e as formas como os resíduos que geramos implicam no fato de que nosso futuro nesse Planeta é cada vez mais incerto. Ainda assim, pouco compreendemos sobre nossa limitada contribuição para o caos ambiental em que vivemos. Aos poucos vamos nos sensibilizando sobre a redução do lixo, do consumo de água, plantio de árvores, preservação de nascentes, arroios e nossa Laguna dos Patos. É evidente que se praticamente não temos indústrias em Tapes, nosso potencial poluidor  restringe-se à atividade agrícola e aos rejeitos domésticos. Assim, a idéia de alfabetizar ecologicamente os atuais e futuros cidadãos pode ser a chave para reduzirmos eficientemente nossa contribuição para destruição da nossa Terra.

Para além da idéia inicial, o Zoneamento Ambiental para a Silvicultura, objeto de disputa entre as empresas de celulose e defensores da preservação natural como parte do desenvolvimento do nosso Estado, é o mais completo estudo sobre a paisagem ecológica do Rio Grande do Sul já elaborado por autoridades da área. Esse estudo não apenas inventariou de forma irretocável nossa fauna, flora, recursos hídricos e elementos climáticos. Ele foi além. O Zoneamento elaborado pela FEPAM¹ analisa aspectos econômicos e potencialidades para o desenvolvimento regional dos diversos recantos do nosso Estado. É exatamente nesse ponto que ele me parece ser mais persuasivo. Verificando sua análise sobre o nosso Município, percebe-se algo que para nossa realidade e para as iniciativas de nossos governantes parece tão distante: o melhor caminho para um avanço econômico e social de Tapes é o turismo com forte atrativo na paisagem ambiental. Essa deve ser a idéia-força de qualquer projeto de desenvolvimento**, por mínimo que seja, que possa ser vislumbrado como uma proposta séria e concretível.

Nossa riqueza ecológica e paisagística, aliada à localização estratégica, é algo que pode ser explorado de forma sustentável para a economia local e para as gerações futuras, requerendo apenas capacidade de planejamento. A alfabetização ambiental da nossa comunidade é um passo inicial que já deveríamos ter dado há algum tempo. Separação de lixo, arborização urbana, preservação da costa lagunar, das sangas, das nascentes e tratamento do esgoto doméstico são lições não apenas para os alunos das nossas escolas, mas para toda nossa comunidade (e aqui inclui-se as autoridades). Somar as energias e as ações de nossas Secretarias Municipais de Turismo e Meio Ambiente, hoje** tão inócuas, para que reflitam e planejem de forma integrada políticas estruturantes do desenvolvimento da cidade é o impulso inicial. Sair de uma situação de inércia é possível, basta vontade, iniciativa e coragem para inovar. Ou algumas vezes apenas observar o que está à nossa frente.

¹ FEPAM: Fundação Estadual de Proteção Ambiental.

* Tecnólogo Ambiental formado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Polo em Tapes. Pós-graduando em Gestão Pública pela UFRGS.

** Texto publicado pelo Jornal Armazém de Notícias, Tapes, em junho de 2007.